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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Eu, Tu, Ele = Nós

"O osso do teu dedo ligado ao osso do teu pé,
O osso do teu pé ligado ao osso do teu tornozelo,
O osso do teu tornozelo ligado ao osso da tua perna,
O osso da tua perna ligado ao osso do teu joelho,
O osso do teu joelho ligado ao osso da tua coxa,
O osso da tua coxa ligado ao osso do teu quadril,
O osso do teu quadril ligado ao osso das tuas costas,
O osso das tuas costas ligado ao osso do teu ombro,
O osso do teu ombro ligado ao osso do teu pescoço,
O osso do teu pescoço ligado ao osso da tua cabeça,
Eu ouço a palavra do senhor!"

Segundo "O maior espetáculo da Terra" de Dawkins, esse é o trecho de um cântico inspirado no episódio do "Vale dos Ossos Secos", do livro do profeta Ezequiel (cap. 37). E ele (Dawkins) completa dizendo que essa estrutura de ligações dos ossos é comum não só a todos os mamíferos, mas a todos os vertebrados, de todos os tempos, vivos ou fósseis. E esse é só um entre os muitos e muitos indícios que nos levaram a perceber que todos os vertebrados tiveram um ancestral em comum. Mais além, vemos que todos os animais tiveram um ancestral em comum. E muito mais além, todos os reinos se encontram, no centro do gráfico de Hillis (http://ensinarbiologia.blogspot.com/2010/01/grafico-de-hillis-tree-of-life-download.html que apresenta apenas 3 mil espécies dentre as dezenas de milhões já conhecidas pelo homem ). Desta maneira, de alguma forma somos parentes muito, muito, muito distantes das samambaias, por exemplo. E este parentesco é bem semelhante ao que tenho com um de meus primos de terceiro grau, tataraneto da mesma tataravó que eu. A samambaia seria então ta*10^n raneta de uma mesma ta*10^n ravó que nós, para n igual a um número realmente bem grande, que eu realmente não sei! Do mesmo modo, os moluscos bivalvos são parentes nossos, um pouquinho mais próximos, com um n um pouquinho menor. Mais próximos ainda são as anchovas (deliciosas na beira da praia) e mais ainda as lagartichas. Para se ter uma ideia o DNA do rato é cerca de 70% igual ao nosso. Isso significa que nossa tataalgumacoisa em comum morreu (se extinguiu) a bastante pouco tempo na escala de tempo geológica. Já o chimpanzé, caramba, esse deveria participar todo ano da nossa festa de natal, porque tem 98,5% de concordância genética com a gente! E entre duas pessoas quaisquer do planeta Terra, a semelhança genética dos cerca de 2 km do DNA chega a 99,99%. Não importa se essa pessoa tenha nascido no Himalaia ou morrido no Império Asteca, se for homem ou mulher, se for anão ou albino. 99,99% iguais! Isso leva a raciocínios divertidos, como pensar que um homem negro pode ser geneticamente tão semelhante a um homem branco, do que o é em relação ao seu próprio pai! Será? Bom, estamos falando de uma margem tão pequena de diferenças que deveria, no mínimo, envergonhar qualquer iniciativa de estabelecer sub-classificações dentro da nossa especie Homo Sapiens. Que importância tem então a etnia? como estabelecer uma ordem hierárquica baseada no local de nascimento? nos aspectos culturais? porque eu deveria pensar que meus costumes são mais apropriados a um ser humano do que são os ritos sociais da tribo Yanomami? Ok, sou suficientemente diferente do elefante africano, mas e do esquimó? será que sou mesmo? E se essa onda de globalização continuar, em quanto tempo seremos todos membros de uma raça só? Em resumo, toda forma de apresentação da eugenia é um erro científico no mínimo muito óbvio. O ufanismo, o racismo, o machismo, o anti semitismo e tantos outros "bairrismos" sociais são fundamentados no mesmo princípio científico: NENHUM! Não há nada de diferente entre eu, você, ele e as outras pessoas do discurso. O engraçado é que a rede está repleta de ignorantes que pregam a segregação e o repúdio a minorias. Outro dia minha "Princesa" leu pra mim uma réplica muito longa e merecida, dirigida a um desses "eruditos", que me deu o tema deste post. E alem disso, me fez pensar: Eu não tenho orgulho da minha raça. Ninguém deveria ter tanto orgulho assim de sua raça. Porque a raça é uma coisa tão superficial... Eu tenho orgulho de ser IGUAL. E de compartilhar um lugarzinho lá no grande círculo. Tenho orgulho daquele serzinho, provavelmente unicelular, lá no centro do diagrama de Hillis, que um dia deu o primeiro pulso, nosso primeiro grande Avô! Devemos todos nos orgulhar é da Vida!

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