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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A Beleza para ver e sentir


O sol caia atrás de uma névoa fina no horizonte, num céu quase sem nuvens, agora tomado de um laranja brilhante e morno. A primavera cobria as colinas de pétalas vermelhas, amarelas e brancas, pontilhando o verde claro da relva. Uma arvore idosa, silhuetada contra o ocaso, emoldurava a cena. E sobre um tapete de folhas caídas estava ela, sentada sobre os tornozelos com os longos cabelos castanhos avermelhados ondulando levemente na brisa, uma grande flor vermelha adornando sobre a orelha esquerda. Dentro de um vestido escuro e vapososo seu corpo delgado e elegante se deixava desenhar voluptuosamente em movimentos suaves mas firmes. Ela se vira ao me ver chegar e me olha com os olhos castanhos escuros meio apertadinhos por causa da luz. Abre um enorme sorriso! O vento sopra mais forte levantando as folhas e bagunçando o cabelo dela. Ela rí deliciosamente, tira a flor do cabelo e estende em minha direção. Eu chego mais perto, pego a flor, abraço ela pela cintura e sinto o perfume tão familiar do cabelo dela, quando ela pousa a cabeça no meu peito. Sentamos juntos sob a arvore e ela se deita no meu colo, no momento em que o sol termina a sua descida, para nosso deleite. Ele desaparece por trás das arvores distantes, deixando um espetáculo de traços luminosos que irradiam em direção ao céu escuro, onde já se podem ver as primeiras estrelas...

Há... a beleza! Não há nada capaz de atrair mais o ser humano do que a beleza. E cada um de nós tem a sua própria noção subjetiva e particular de beleza. Cada um de nós vê a mesma cena de formas totalmente diferentes. Somos capazes, individualmente, de enxergar a beleza onde todos à nossa volta passam indiferentes. Mesmo aquilo que é feio e repulsivo para uma maioria, aos meus olhos pode ser belo. O mundo ao redor está repleto de verdadeiros paradoxos de beleza. Um vulcão em atividade, vomitando ferocidade e morte, se visto de longe é dono de uma beleza solene e hipnotizante... As enormes e enfadonhas planícies lunares, inter cortadas de bacias de impacto sobre o basalto escuro, quando vistas da Terra podem ser a mais inspiradora das luas cheias... Uma mariposa insípida e por vezes asquerosa, que causa incômodo quando voa sobre nossas cabeças, quando filmada em câmera lenta mostra a mesma graça de um beija flor... No mundo microscópico ou na mais vasta imensidão do universo, há sempre algo que nos chama a atenção pela beleza que demostra. A estrutura cristalina de um mineral, a explosão de uma supernova, as sinapses elétricas em um neurônio, a colisão de duas galáxias. Uma criança em sua pureza e despreocupada alegria ou a nebulosa planetária de uma estrela agonizante se distendendo sobre o espaço. Só o que precisamos fazer é parar de vez em quando para observar.

A humanidade em si é um paradoxo neste sentido, oscilando entre a beleza mais sublime e a mais estarrecedora feiura. Uma mesma pessoa pode ser bela como uma flor quando olhada de um angulo e pelo outro ser um espectro de purulência. Linda por fora e feia por dentro. Horrível por fora e bonita por dentro. Capaz de um gesto de compaixão ou de extrema violência. Nossa complexidade é as vezes incompreensível. E nossa única saída é preservar o que é belo, em nós, naquilo que temos e naquilo que fazemos. Procurar sermos belos aos olhos dos nossos semelhantes, não importando o quão feios algumas pessoas possam nos taxar. Alguns somos afortunados por viver rodeados de beleza. Falo da beleza que importa de verdade, daqueles que como eu têm uma linda família, uma belíssima coleção de amigos e uma companheira que é a pura descrição da beleza. Nós devemos nos sentir gratos todos os dias e valorizar a beleza de que desfrutamos. E quando a vida nos parecer feia, lembrar que tudo sempre muda na vida e o maior agente promotor da mudança somos nós mesmos.

Vamos aprender a reconhecer, respeitar e estimular a beleza. A vida tende a ser muito mais feliz.

2 comentários:

  1. O texto ficou muito bom, acho muito legal escrever sobre esses conceitos subjetivos,as vezes precisamos espalhar algumas noticias e até deixar enraizados conceitos que são belos e em muitos momentos deixamos de lado pela correria do dia a dia...Muito bom mesmo. Sou seu fã!

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  2. De fato somos passivos ao poder do antogonismo que nos divide para que num momento possamos admirar e noutro rejeitar, às vezes amar e às vezes odiar. [Monica]

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